segunda-feira, 5 de julho de 2010

Estupro da Nação

O mundo desistiu de tentar
O que na verdade nunca tentou
Cumprir presságios e aceitar
O destino que um alguém inventou

Guerra e luta na terra dos fatais
Discípulos fardados de sangue e horror
Guerra e morte abandonar jamais
Dissipando mentes no ácido do matador

Na mão da criança a espada
No ar o furacão petrificante
A casa, uma árvore derrubada
O agasalho uma armadura estonteante

O mundo desistiu de lutar
Por algo que nunca existiu
Resolveu deter-se à aceitar
Soluções que o mundo não sugeriu.




_______________________Camila P.

terça-feira, 29 de junho de 2010

AMIGOS

Ah, como é delicioso ter com quem desfrutar todos os momentos da vida. É inexplicável a sensação de saber que nunca se está sozinho. Amigos são poucos, pouquíssimos, mas sempre tem. Os amigos (e quando digo amigos seleciono somente os verdadeiros) são relíquias, são como diamantes, difíceis de se quebrar, e se bem cuidados, possuem um brilho intenso e eterno. E como não encontro maneira melhor de definir o que os amigos representam, citarei essa música, de Walmir Alencar:

"É preciso o caminho enfrentar
Quando o tempo difícil chegar
Com coragem, caminharás
Por que ao teu lado, eu quero estar
Deus nos ajudará

Não vou te deixar
Vou te amar

Estarei sempre contigo
Seja inverno ou verão
Alegra teu coração

Serei o teu abrigo
Cada lágrima que cai
Fortalece-nos mais
Sempre serei teu amigo


Como é bom conviver, partilhar
Os momentos alegres passar
Mas o amigo fiel seguirá
Mesmo sabendo das lutas que tens
Ao teu lado estará

No caminho teu quero andar
Precioso é para mim o dom da tua vida
Se tristes estás, vou te consolar
Mas se fores sorrir, me alegrarás."


Sem mais palavras.

domingo, 20 de junho de 2010

GAME OVER

Está tudo tão escuro
parece que não há ninguém
seu corpo, seu futuro
não existe mais nada além

ninguém o vê
não podem lhe alcançar
lágrimas a correr
não há tempo pra chorar

cenas em sua cabeça
memórias cruéis, torturantes
sua alma, antes que desapareça
resgata os velhos semblantes

você se pergunta tanto
"eu realmente vivi?"
mas a sua resposta, por enquanto
"fui eu quem escolhi"

a culpa, tão de repente
sorri como uma criminosa
que mata aos poucos sua mente
e termina como vitoriosa

todo o seu tempo passou
as pessoas que não amou
por algum motivo, também passaram
mas, por você choraram
e você nem valorizou

Não adiantam gritos
nada muda os fatos
seus gemidos, aflitos
ou seus olhares, sensatos

Seu coração ora vibrante
agora, parado e sem ação
um dia, sequer um instante
tentou fazer
nada ser
somente em vão

Hoje, adeus para a vida
você foi embora depressa
não houve tempo para a despedida
você não cumpriu sua promessa.



__________________ Camila P.

domingo, 13 de junho de 2010

Consciência.

Por mais que se procure as razões estão escondidas
Dentro de si mesmas não há como negar
A resposta é quase imaginável
E por um instante se sente perturbado
Com seu medo, fiel ou não
E sua voz, com o passar do tempo torna-se um sussurro
Quase imperceptível, mas notável
Seu corpo se derrete no espelho
Deixando para trás aquela imagem falsa de um sorriso desconhecido
E mostrando a verdadeira mancha que somos
Um borrão escuro em meio a tantos
Outros borrões escuros cobertos com cores alegres
Para como sempre e fielmente sempre
Esconder o que realmente é
não há orgulho em seu medo
mas ele pode se tornar um aliado
já pensou em matá-lo?
Se o escondesse, o procurariam
Onde estão aqueles sonhos?
É, aqueles que você deixou para trás
Quando sua mãe lhe disse que era melhor ser médico
Onde estão aquelas esperanças?
Aquelas, que você pensava, enquanto desejava ser astronauta
E os brinquedos vão se quebrando
E nos deixando sozinhos
Mas jogue-os fora, afinal não possuem mais utilidade não é mesmo?
Mas e seus sonhos que estavam guardados neles?
O coração para e chora
Por que suas lágrimas já secaram
Pare de chorar, isso é para os fracos
Fortes não choram, mas quem disse?
Quem somos para julgar o forte e o fraco
Se todos não passamos de meros vivos?
Pois é, só os mortos são fortes
Pois já morreram, não morrerão mais
E seus corpos?
Tão idolatrados em vida
E esquecidos após a morte
Sua alma em vida é esquecida
Sua alma em morte é louvada
Mas ela não está mais aqui
Então morra por eles
Seja à favor do comando
Lute contra o sistema
Quebre seus brinquedos
E junto com eles seus sonhos
Derrube seu abajur apagado
E acenda uma vela
Por aqueles corpos já esquecidos
Pois suas almas ainda reinam
E para sempre reinarão
Sorria, você está sendo filmado
Emagreça, engorde, vote, finja
Como se entregar na derrota?
Quando finalmente você se erguer
E estiver no topo
Te derrubarão
E depois, o ajudarão a subir
Para que quando você se reerguer
Possam te derrubar de novo
Ás vezes se torna preferível ficar em baixo
Pois à cada queda é mais uma dor
É mais uma vez que sua ferida dói
Então, fique em baixo
Que sua dor não retornará
Por que simplesmente, ela nunca foi embora
Na verdade sempre esteve ali, escondida
Corra, pois o ônibus está passando
Levando sua vida
Interessante é que ele nunca o espera
E sua vida vai indo
E a única coisa que se tem a fazer é correr atrás do tempo perdido
Mas isso não vai adiantar
Por que seu tempo já acabou
E você vai se tornar mais um dos corpos esquecidos
A vela que você acendeu se apagou.




____________ Camila P.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

ALIENAÇÃO

Estradas espalhadas pelas cidades
Ninguém sabe aonde elas vão nos levar
Todos seguem na mesma marcação
Caminhando pelas estradas asfaltadas ou não

Essas estradas não tem fim
Seguem retas, com uma perfeição fiel
Nós as seguimos, por que todos as seguem
Traçando uma linha reta, porém cruel

Você tem que seguir a estrada

Por que não existe outro caminho
Você pode escolher entre seguir a estrada
Ou morrer na estrada, porém sozinho

Ninguém ganha no final
Todos perdem, cada um de seu jeito
Uns desistem, outros lutam
Mas todos deixam para trás algo não feito

Talvez uma história não contada
Talvez um amor não reconhecido
Talvez um adeus não dito
Talvez um bilhete não lido

Todos caminham iguais
No mesmo ritmo que os que já passaram ouviram
Alguns toques fúnebres são sentidos de hora em hora
São só os gritos dos que desistiram

Crianças seguem sem saber
Olham para as cidades escuras e vazias
Esperançosas de um dia serem diferentes
E habitarem naquelas cidades tão frias

Mal sabem elas que já estão no caminho
Mesmo sem querer, seguem a mesma estrada
Com a mesma marcação de todos nós
Seguindo iludidas a mesma jornada

Bem Vindo a estrada
Aqui não seguem sonhos, nem esperanças
Aqui seguem protótipos perfeitos
De robôs com incríveis semelhanças.


____________ Camila P.

Visão periférica


Diagnostiquei hoje que possuo uma doença muito comum e de certa gravidade: DESATENÇÃO. Estava eu viajando pelo litoral quando ao som de Bob Marley, virei meu olhar para o lado e comecei a prestar atenção. Enxerguei por entre as linhas. Vi muito mais do que meus olhos filmavam. Observei montanhas e montes e percebi quanta VIDA existia ali. Pensei mais um pouco e tentei imaginar como cada uma delas surgiu, como se desenvolveu, o que viveram até ali, até aquele segundo imaginário. Ah, foi o bastante para me remeter à um pensamento inevitável, mas que fora ignorado até então: meus olhos apenas olham, mas não veem! Terrível, sabemos. Mas decidi-me e iniciei um árduo tratamento: a cada flor, a cada rajada de vento, a cada passo dado, eu não vou mais olhar para os mesmos lugares, vou fazer uma desintoxicação dos meus olhos. Com certeza, você também sofre desse mal: passa todos os dias na mesma rua e olha sempre para o mesmo lugar. AÍ ESTÁ! Você não vê nem aonde olha e muito menos conhece o que existe além de sua visão periférica. Quando eu perceber grandes mudanças efetuadas pelo tratamento, voltarei a argumentar sobre o mesmo. À vocês leitores, apenas uma mensagem: VEJAM!

________________ Camila P.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Não Titulável

Algumas pessoas definiram morte como fim. Outras como início. Eu não a defino. Nunca morri! Incrível eu sei (¬¬). Concordo inteiramente com o grande filósofo RAUL SEIXAS, prefirindo ser uma metamorfose ambulante do que ter uma velha opinião formada sobre tudo, nesse caso, sobre a morte. Totalmente empirista neste aspecto: o conhecimento só pode ser obtido através dos sentidos. Morte não passou por nenhum dos meus sentidos. Ou passou? Creio que passou perto, que esteve presente nos sentidos de familiares e entes queridos que já se foram: morreram. Mas não generalizo. Abro espaço a opiniões alheias. Não que me deixe influenciar. Apenas ouço e reflito. Se me agrada, ajusto e acrescento aos meus incostantes conceitos. E a morte? É, os sentidos me dirão um dia.
_______________ Camila P.